domingo, 26 de abril de 2009

Competição ou cooperação?


Estamos sempre falando na crise. Em grande parte dos anos noventa passamos falando na crise de valores morais. Desde o ano passado com os escândalos financeiros que assolaram os Estados Unidos passamos a falar continuamente sobre a crise financeira, que se expandiu e assumiu proporções inimagináveis para a maioria da população mundial.
O sistema capitalista se reconfigurou nos anos oitenta, reduzindo o papel do Estado na regulamentação das economias nacionais, restringindo a ação das políticas de bem-estar social e, principalmente, sobrepondo o mercado como a entidade supra nacional, detendora de todos os poderes. A doutrina neo-liberal impôs-se por todos os lados apregoando as vantagens do sistema e justificando todas as formas de restrição dos direitos dos trabalhadores. Muitos de nós acreditaram, assimilando passivamente todas as perdas sociais que haviam adquirido como sujeitos de direitos. Não obstante a passividade das massas diante do capital, o sistema capitalista deu sinais que seus fundamentos estão em ruínas. Para nós restou o medo. Como ficarão as economias do países? Até quando nossa empresa e nosso emprego resistem?
A crise é fruto de sistema perverso que estrutura no acúmulo de bens por alguns poucos, a partir da exploração da força de trabalho de tantos outros. Tal modelo pressupõe o direito de exploração de umas pessoas sobre as outras. Sua regra de convivência é a competividade.
É óbvio que um modelo de produção que se assenta na competitividade exacerbada teria que se esgotar. Nesse momento percebemos que as respostas que aprendemos já não são eficientes e precisamos elaborar repostas que nos permitam a ver e reconhecer o outro como alguém que nos completa e sem o qual não sobreviveremos.
A vida humana desenvolveu-se no planeta a partir da cooperação entre seus membros e não pela competição. O próprio fato de sermos incompletos e sempre necessitados de algo nos ratifica que a sobrevivência exige a solidariedade. Nossas necessidades variadas nos remetem a buscar na natureza e no outro nossas satisfações.
Essa crise mostra sobretudo que é preciso estabelecer relações diferenciadas. Todas pessoas devem ser reconhecidas pelo sua condição de gente. A partilha das riquezas deve garantir a dignidade de todos e o usufruto justo, principalmente para os trabalhadores que lutam dia-a-dia . Estamos aprendendo que somente superando o individualismo e a indiferença com o outro teremos condições de defendermos nossa própria cidadania. Estamos em rede tudo o que afeta as pessoas ao nosso redor, nos afeta. Não podemos mais justificar um mundo cujo maior pecado é a concentração absurda da renda e a exclusão da maioria de qualquer direito básico de cidadania.

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