sexta-feira, 31 de julho de 2009

Devagar e sempre...

Esse mês de julho oportunizou-me férias muitos especiais. Não consegui me afastar completamente do ambiente profissional, pois estava envolvida em um projeto que não foi concluido na primeira semana de julho, conforme eu previra. Isso exigiu uma passada semanal na minha sala de trabalho. Não obstante, esse contexto, minhas férias foram extraordinárias, naquilo que me oportunizaram de aprendizado e de novas descobertas.
Nos ultimos dias de junho participei de uma oficina de chi kong mediada por uma terapeuta holística, amiga de longo tempo. Pude compreender melhor a sutileza da concepção de saúde das antigas tradições chinesas e sua noção de harmonização e equilíbrio. Percebi com mais intensidade meu corpo como algo vivo e pulsante que pode ser cuidado e restaurado a cada momento pela respiração completa, pela postura correta e pelas atitudes positivas. Em seguida experimentei os benefícios da moxaterapia e da reflexologia, técnicas milenares com os mesmos objetivos anteriores.
O grupo que participou comigo foi unânime no reconhecimento dos benefícios dessas terapias, principalmente quanto a sutileza de sua eficácia. Com um trabalho corporal que utiliza os movimentos sem pressa e sem força exagerada pudemos sentir a dimensão da energia existente em nosso organismo. Foi gratificante também a forma de ocupar o espaço em relação ao próprio corpo e o corpo do outro. Um sentimento de respeito e integração tomou conta de todos.
Esse tipo de terapia nos propicia uma tomada de consciência real da unidade corpo e mente, da relação ceu e terra e da unidade dos contrários. Somos convocados a uma atitude de reciprocidade com o entorno. Para sermos efetivamente o que somos temos que possibilitar que o todo seja o que é.
A saúde é uma decorrência de uma harmonia total. O conceito de saúde está relacionado as diversas dimensões que inclui o físico, o psíquico, o social e o cultural.
Estar saudável ou doente depende da postura e da atitude diante do todo da vida.
Começar o mês de julho mergulhando nas tradições milenares de outras culturas, baseadas em valores e conceitos por vezes antagônicos ao nosso mundo capitalista proporcionou-me refletir sobre a graça e a beleza de cada momento como realmente nos é dado. Ajudou-me a esperar o tempo e os seus acontecimentos com serenidade e alegria, acreditando que em cada pequeno fato do cotidiano haveria uma riqueza a ser descoberta e apreciada. Isso propiciou-me viajar sem sair de minha cidade e viver cada dia como se fosse uma grande aventura, realizando coisas tão simples e que se tornaram imensamente prazerosas.

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Somos o Céu e o Inferno

Somos ambivalentes, paradoxais, contraditórios, ambíguos, plurais... Somos uma espécie de grande complexidade. Em nós reina o humano e o divino, o amor e ódio, a poesia e a prosa simultaneamente e até interdependetemente.
Nossa estrutura biológica foi dotada em anos de evolução de competências tais que nos permitiram capacidades psíquicas extraordinárias. Tornamo-nos co-autores do mundo que nos rodeia. Somos capazes de reinventar as espécies, inclusive a humana. Estamos desbravando o universo ao nosso redor e já implantamos plataformas espaciais ha muito tempo.
Sabemos que somos uma espécie frágil que sobrevive porque está em rede de dependência. O que somos é fruto de relações sociais. Ou seja o outro nos constitui porque cuida de nós, nos ensina, diz quem somos, contesta o que fazemos, reinterpreta nossas percepções. Somos tecidos na teia das convivências cotidianas.
Entretanto, nada é mais difícil que a convivência porque agimos como se fóssemos a medida do mundo. Esperamos que as pessoas pensem como nós, sintam como nós e até projetem com exatidão o que nem pensamos e nem sentimos ainda.
Impomos ao outro a sagrada tarefa de preencher as nossas expectativas presentes e futuras.
E como é impossível nos frustramos profundamente com a incapacidade do outro.
Será que não percebemos que nós mesmos, enquanto indivíduos estamos sempre mudando. Nossos interesses não são os mesmos, nosso olhar muda de ângulo sempre... Por que esperamos que o outro nos compreenda e até se antecipe aos nossos anseios?
Sartre em sua autêntica percepção da prepotência e simultânea covardia humana disse: "o inferno são os outros". O inferno são os outros porque somos muito arrogantes para assumirmos nossas fraquezas e inseguranças. Colocamo-nos em um patamar de superioridade que não nos permite admitir que nossas certezas e verdades são parciais e efêmeras.
A maioria de nós não descobriu que nossa força está exatamente na nossa complexidade que articula nossas múltiplas facetas. Nossa matéria é feita de energia e nossa energia é feita com matéria. Somos amor e ódio, força e fraqueza, somos tempestade e bonança, somos Deus e somos diabo...
Conviver pode ser o hades ou o céu. Dependerá da capacidade que tivermos para aceitar o outro como outro. Somos diferentes, cada um traz uma história, cada um teceu uma vida e elaborou conceitos a partir de vivências únicas. Se formos honestos compreenderemos que aquilo que temos em comum uns com os outros é exatamente nossa capacidade de sermos diferentes e de mudar a cada dia.

segunda-feira, 6 de julho de 2009

Desconstruir e desaprender

As notícias de catástrofes ambientais estão cada vez mais comuns. O desequilíbrio do clima é sentido na pele por todos nós. As doenças provocadas pela má qualidade da água e do ar, decorrentes dos níveis de poluição são cada vez mais frequentes principalmente para as populações de baixa renda, cuja alimentação e cuidados básicos não são realizados de modo satisfatório.
Nosso modelo de vida está esgotando as reservas naturais de matéria-prima e está poluindo inconsequentemente o que resta. Ninguém duvida dessas constatações. As escolas difundem isso em suas salas de aula. Os programas de tv demonstram de várias formas o que esta acontecendo. Mas tudo continua omo antes no quartel de Abrantes. Continuamos consumindo o máximo possível permitido pela renda, continuamos utilizando produtos descartáveis sem pudor, continuamos andando de automóvel individual por todos os motivos, continuamos agindo individualmente como se não soubéssemos que as consequências são coletivas e são inevitáveis.
Em séculos de capitalismo elaboramos conceitos que foram internalizados e agora resistem firmemente às mudanças.
Temos que reaprender a viver. Não é possível mantermos os mesmo hábitos e atitudes

sábado, 4 de julho de 2009

É Preciso Saber Viver.

Quem vive como nós em uma sociedade capitalista, não consegue ficar imune ao fascínio das novidades. Todos nós apreciamos algo novo. Quando pensamos em ter uma atitude mais firme em relação ao consumo, aparece algo novo que mina totalmente nossa resistência de consumidora responsável. É uma luta quase perdida...
Criamos os mais diversos pretextos para uma comprinha básica: "acho que meu cabelo já se acostumou com esse shampoo...", "meu tênis já não proteje minhas articulações...", "não tenho um vestido para ir à festa...", "estou precisando de uma sandália para levantar um pouco o astral"... Consumir é algo básico, fundamental mesmo... Serve até de terapia para muita gente.
Seria muito bom se todo esse movimento de consumo, realmente produzisse um grau de satisfação mais constante; lamentavelmente o que mais se vê é a produção artificial de novas necessidades que nunca estarão satisfeitas. Muitas mulheres perdem-se em meio às demandas da publicidade, sucumbindo à dívidas sem nenhum controle. É realmente difícil manter algum equilíbrio principalmente quando o universo do consumo feminino é de uma diversidade e criatividade fantásticas...
Talvez pudéssemos, com algum senso crítico e muita força de vontade, elaborar alguns critérios norteadores quando a inquietação do consumo nos devorar.
Quem sabe pudéssemos substituir algumas comprinhas por alguns presentes mais simples e duradouros que um cinto novo, uma bolsa linda, ou uns óculos fashion...
Existe algo mais tocante que um por de sol à beira do mar? Caminhar na areia da praia, curtindo em cada milímetro da pele a brisa suave é uma carícia indescritível! Que tal subir ao mirante mais alto da cidade e curtir a paisagem sem pressa ? Já experimentou chamar aquele amigo para um leve bate-papo regado a um café feito por você mesma, acompanhado de um pão quentinho daqueles que derretem a manteiga instantaneamente...
Outra opção ao consumismo desenfreado é investir em algumas práticas saudáveis que podem impedir a itilização daquele ansiolítico ou antidepressivo já quase inevitável. É possível descobrir em algum lugar não tão longe de nossa casa uma academia de pilates, uma clínica de massagens, um centro de ayurveda, um centro de yoga, um centro gi gong.
É possível transformar em presentes tudo à nossa volta, inclusive os pequenos e simples prazeres que estão ao alcace de todos... É preciso saber viver...