sexta-feira, 17 de abril de 2009

ENTRE O ÔNUS E O BÔNUS DE VIVER


É difícil encontrar uma pessoa que não se sinta fascinada por alguns ícones da beleza feminina. Entre as mulheres mais veneradas como símbolo de beleza e sedução, destacam-se Marilyn Monroe e a princesa Diana. Essas mulheres foram estampadas nas mais diversas publicações pelo mundo e em todas as fotos elas esbanjam charme e jovialidade. Viraram deusas da beleza e da sensualidade. A morte precoce de ambas legou-lhes o direito à eterna juventude. Permaneceram as imagens que congelaram traços, gestos e estilos, alimentando, ainda hoje, as fantasias mais diversas de homens e mulheres que se rendem ao fulgor sensual de dois mitos da cultura ocidental.
Nós, mulheres, gente comum, que prosseguimos pela vida afora com nossas dores, humores e rumores pagamos um preço. O preço da vida, que é consumir-se. Temos o bônus e o ônus do viver. Indubitavelmente, vamos ao longo dos anos nos aperfeiçoando, aprendendo a olhar o mundo com mais indulgência, a nos relacionarmos com os outros com mais tolerância, a lapidar os nossos talentos, a desabrochar os nossos sentimentos, a sermos mais flexíveis diante dos acontecimentos... A vida nos proporciona aprendizados: nosso olhar amplia-se, nossa escuta refina-se, nosso toque torna-se sutil, enfim nossos sentidos potencializam-se...
Entretanto, a biologia, a anatomia, a fisiologia, toda esse conjunto palpável do nosso ser, depois dos trinta anos, vai dando sinais de auto-consumo. Até os trinta todo o desgaste físico se passa da forma mais sutil e ilusória possível. Nós até acreditamos que não mudou nada. Vamos ao espelho milhões de vezes ao dia e o maldito diz como dizia para a madrasta da Branca de Neve: - Não existe no mundo mulher mais bela... - E prontamente acreditamos! E é bom acreditar. É verdade! Tudo continuará como antes... E seguimos cheias de ânimo, dispostas a acrescentar mais um projeto novo e lutarmos com toda nossa garra para atingirmos as mais ambiciosas metas.
Enquanto isso, o tempo passa a uma velocidade incontrolável. Quando menos esperamos, chegamos aos quarenta. Um dia olhamos o espelho, aquele de todas as horas e nos damos conta que o percurso, feito de conquistas e desilusões, deixou além do aprendizado, as marcas do tempo, no próprio corpo. A energia desprendida para alimentarmo-nos, aprendermos, fazermos, convivermos e sermos nos consumiu um pouco a cada dia vivido. Esse corpo marcado pelas nossas vivências nos lembra que enquanto vivemos consumimos a própria vida.
O espelho diante da dama de quarenta não responde: silencia, olha triste, depois erguendo as sobrancelhas, solta uma gargalhada marota, como a dizer: - Existem compensações, pobre senhora. É melhor confirmamos: -Sim, existem compensações. Como disse a sábia Cecília Meireles, a vida só tem sentido, reinventada.
É isso aí amigas, viver vale sempre a pena, mesmo existindo uma conta a pagar.

2 comentários:

  1. Amiga, vc está uma blogueira sensacional. Parabens!seus textos são altamente atuais e retratam de forma autêntica (até meio radical)a verdadeira essencia do que nós mulheres somos. Sempre muito versateis/multifuncionais, pois, como vc escreveu damos conta de tudo. Eis nosso mistério!

    ResponderExcluir
  2. Adorei! vc disse tudo o que nós mulheres vemos em nós mesmas. Captou mesmo minha menssagem! Parabens!!

    ResponderExcluir