segunda-feira, 30 de março de 2009

Minha Filha e Eu


Minha filha agora é adolescente. E estou deslumbrada, a meu modo, que não é tão deslumbrado assim, com suas novas manias e atitudes. Ela de uns tempos para cá não precisa tanto de nossa companhia. Fica plugada nos amigos virtuais e reais por longas horas. Acha o nosso modo de ser meio ultrapassado e, sem dúvida, acha minhas poucas preocupações inoportunas e cansativas. Precisa de longos espaços de convivência com a galera. 'A s vezes, comporta-se como se fosse uma rainha autoritária a quem devéssemos honrar e servir. 'A distância consigo rir e curtir seus ares de prima-dona, no entanto, muitas vezes irrito-me enfrentando e negando, mesmo, algumas atitudes e exigências egoístas.
É impossível conviver com uma adolescente sem algum conflito. No entanto, lembro sempre que este é o momento dela ampliar seu território e diferenciar seu estilo. Para isso ela necessita mesmo de um espaço mais amplo que a barra da saia materna ou o umbigo paterno. É tempo de explorar outros espaços sociais para que experimente novas possibilidades de ser que confirmem ou neguem determinadas influências familiares. É importante adquirir segurança nas trocas com outros parceiros para além dos parentes. É preciso estabelecer outros vínculos e sentimentos de pertencimento.
Acompanhei cada estágio do crescimento de minha filha com o encantamento de mãe. Tive prazer em curtir cada etapa, desejando que fosse transitória para que chegasse a próxima e eu pudesse desfrutar de um outro momento com novas características e com novas possibilidades de aprendizagem. Foi maravilhoso o tempo de bebê dependente que precisava do aconchego físico a todo momento. Vibrei quando começou explorar o espaço e antes de andar conseguia subir uma difícil escada com giros no bumbum. Chorei quando a vi pela primeira vez dançar no Palco do Teatro Arthur Azevedo aos quatro anos, cheia de graça e ingênua liberdade. Senti-me nas nuvens quando a ouvi ao piano fazer sua primeira e singela composição... E quando começou a pintar os parentes disputavam-lhe as telas... Foram muitos os episódios que a fizeram crescer.
Transformando-se em meio aos fatos vivenciados foi se tornando essa graça de garota. Saliente, ousada, responsável, irreverente, meio dorminhoca, cúmplice de sua galera e algumas vezes cheia de carências e ternura.
E o que pode fazer uma mãe em meio a tantas contradições e complexidades senão permitir que a pessoa desabroche? Amar é permitir que o/a filho/a seja ele/ela mesmo, mesmo que isso nos cause estranheza, mesmo que isso por algumas vezes nos exclua como pais. Como diz minha amiga Mônica: É BOM VIVER. Eu completo: e deixar viver.